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terça-feira, 12 de junho de 2012

CÁLICE

http://youtu.be/26g1jQG-n4Y

CÁLICE 
 Compositores: 
 Chico Buarque & Gilberto Gil 
Intérpretes: Chico Buarque & Milton Nascimento 


Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
De vinho tinto de sangue... 


Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
De vinho tinto de sangue...

 Como beber dessa bebida amarga, 
Tragar a dor, engolir a labuta. 
Mesmo calada a boca, resta o peito, 
Silêncio na cidade não se escuta.

 De que me vale ser filho da santa, 
Melhor seria ser filho da outra. 
Outra realidade, menos morta; 
Tanta mentira, tanta força bruta. 


Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
De vinho tinto de sangue... 

Como é difícil acordar calado, 
Se na calada da noite eu me dano. 
Quero lançar um grito desumano, 
Que é uma maneira de ser escutado.

Esse silêncio todo me atordoa, 
Atordoado, eu permaneço atento 
Na arquibancada pra, a qualquer momento, 
Ver emergir o monstro da lagoa. 


Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
De vinho tinto de sangue... 


 De muito gorda, a porca já não anda. 
De muito usada, a faca já não corta. 
Como é difícil, pai, abrir a porta, 
Essa palavra presa na garganta...

 Esse pileque homérico no mundo, 
De que adianta ter boa vontade. 
Mesmo calado o peito, resta a cuca 
Dos bêbados do centro da cidade. 


Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
Pai, afasta de mim esse cálice! 
De vinho tinto de sangue...

Talvez o mundo não seja pequeno 
Nem seja a vida um fato consumado. 
Quero inventar o meu próprio pecado,
Quero morrer do meu próprio veneno.


Quero perder de vez tua cabeça, 
Minha cabeça perder teu juízo. 
Quero cheirar fumaça de óleo diesel, 
Me embriagar até que alguém me esqueça.

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