Translate

quinta-feira, 21 de março de 2019

O amor não é fácil

Deixa eu te explicar uma coisinha sobre o amor, meu bem. Ele não é fácil. Não tem nada a ver com rosas, noites e vinhos. O amor machuca, arde, corta, torce. O amor dói. As mãos são dadas porque todo mundo tem medo de ficar sozinho. Amar exige aceitar o outro, os defeitos do outro, o desejo torto do outro, as escolhas erradas do outro. O amor exige que você seja o outro. Que esqueça as suas vontades, que desista do seu singular, que você seja outra coisa, porque o amor é outra coisa. Não é só festa, nem só beijo, e muito menos, é sexo gostoso todos os dias. Amor é estar certo e deixar passar, é chorar escondida no banheiro baixinho, porque a discussão te machucou muito e mesmo assim você não quer magoá-lo. Amor é subir com as compras dez andares, e descer vinte às pressas, porque alguém esqueceu a chave, de novo. Sei que você já leu histórias, viu filmes e sonhou outra coisa. Mas amor, amor mesmo é ferida aberta, é coração acelerado e unhas na boca toda vez que ele bebe e sai com o carro. Amor é a família dele inteira na sua casa no seu domingo de folga, que aliás, você preferia ficar na cama, quietinha. Amor é fazer sacrifícios, desistir de coisas, conquistar outros valores. Amor é casar não com o corpo, mas com o espírito do outro, com a vida do outro. Amor é ligar-se. Amor é querer-se um pouco menos, só para querer o outro um pouco mais. Amor é aprender a cozinhar, aprender a ouvir, aprender a calar. Amor é espera. É abrir o tão sonhado zíper nas costas e permitir que o outro tire e coloque o que bem entender dentro de você. Amor é entender. É mais que mensagem de texto, ligação às quatro da tarde. Amor é dano. Não é calmaria, nunca foi. Amor é enlouquecer, é permitir, é aceitar. Amor é sentir medo e pedir baixinho que a dor da saudade passe. Amor é ficar. É muito mais do que alguém já conseguiu escrever. Amar é dar a mão, e segurar também.
— Ciceero M. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário