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terça-feira, 28 de junho de 2011

CUIDAR DE NOSSOS VELHINHOS!


Falta de Líquidos na Terceira Idade 
 Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta: 
 - "Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?" 
Alguns arriscam: 
 - "Tumor na cabeça?
 " Eu digo: 
 - "Não". 
Outros apostam: 
 - "Mal de Alzheimer?" 
Respondo, novamente: 
 - "Não". 
 A cada negativa a turma espanta-se. E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns: 
 - diabetes descontrolado; 
 - infecção urinária; 
 - a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa. Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam se com rapidez.
 A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo.
 Pode causar confusão mental abrupta, 
queda de pressão arterial, 
aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira"), 
angina (dor no peito), 
coma e até morte. 
 Insisto: não é brincadeira. 
 Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água. Na adolescência, isso cai para 70%. Na fase adulta, para 60%. Na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água.
 Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. 
 Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica..
 Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.
 Explico: Nós temos sensores de água em várias partes do organismo. São eles que verificam a adequação do nível. Quando ele cai, aciona-se automaticamente um "alarme".
 Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas artérias e veias.
 Por isso, o corpo "pede" água. A informação é passada ao cérebro, a gente sente sede e sai em busca de líquidos. 
 Nos idosos, porém, esses mecanismos são menos eficientes. 
A detecção de falta de água corporal e a percepção da sede ficam prejudicadas.
 Alguns, ainda, devido a certas doenças, como a dolorosa artrose, evitam movimentar-se até para ir tomar água. 
 Conclusão: Idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. 
 Além disso, para a desidratação ser grave, eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol. Basta o dia estar quente ou a umidade do ar baixar muito 
- como tem sido comum nos últimos meses. 
Nessas situações, perde-se mais água pela respiração e pelo suor. Se não houver reposição adequada, é desidratação na certa. Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo. 
 Por isso, aqui vão dois alertas. 
 O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Bebam toda vez que houver uma oportunidade. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso! 
 Meu segundo alerta é para os familiares: Ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Lembrem-lhes de que isso é vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um serviço médico. Cerveja contém água e poooooooode!

 Arnaldo Lichtenstein, médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

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